quarta-feira, outubro 25, 2006

2 Minutos - Na Contramão

por Adriano C. Naspolini

Continuo achando que a maioria do povo brasileiro não está dando a mínima para a eleição...

Se é que possível fazer uma análise fria sobre as propostas de governo e as críticas que foram apresentadas pelos candidatos no debate da Rede Record, eu arriscaria dizer que há duas diferenças fundamentais entre Lula e Alckmin. A primeira é o direcionamento da campanha. Podemos ver o candidato Alckmin batendo na tecla "É muito desperdício, bilhões são pagos em juros da dívida... São 34 ministérios, houve uma partidarização (em contrapartida à privatização) das estatais...”. Enquanto isso o candidato Lula fala que "O povo está comendo mais! O salário mínimo teve aumento acima da inflação... os juros estão menores que na época do FHC..."

É claro que as classes C e D não conseguem assimilar o discurso de Alckmin, porque não sabem quanto custa um ministério. E mesmo que soubessem o valor, não sabem o que dá e o que não dá pra fazer com este dinheiro; e aí este discurso só faz chover no molhado.O discurso de Lula não. Ele faz uma comparação direta e "prova" que seu governo é melhor (que o de FHC). É mais tangível para quem não tem a capacidade de raciocinar a ponto de compreender que por de trás destes brados há qualquer coisa, menos a simplicidade desta comparação. É como comparar Maradona e Ronaldinho...

O segundo ponto está relacionado com o programa de governo. Alckmin fala o tempo todo em "Incentivar o setor produtivo" enquanto Lula fala em "Dar ao povo o que comer". Além de ter a mesma relação com a primeira diferença (direcionar ao eleitor), há, aqui, um problema gravíssimo que o país terá que enfrentar no caso de vitória de Lula (já parece inevitável). Eu o vi dizer na TV, em resposta às críticas de Alckmin em relação à agricultura: "Se o preço do arroz subir a gente baixa o imposto de importação, o preço do produto importado cai e o preço se mantém!".

Isto quer dizer que, além de estar lutando contra pior crise do último século, os agricultores brasileiros vão precisar lutar contra as atitudes do governo federal. Para manter baixo o preço dos alimentos, o governo estádisposto a sacrificar um setor que participa de mais de 5% do PIB, além dos milhões de empregos diretos e indiretos.

É a contramão da "producência"! Baixa-se o preço do arroz, porque o pobre precisa comer; o agricultor deixa de plantar, porque não é rentável; o funcionário do agricultor perde o emprego, porque o agricultor não planta mais; o empregado não tem mais dinheiro para comprar comida e é obrigado a entrar para o programa bolsa família, recebendo aproximadamente dez vezes menos que quando trabalhava...

Isso merece uma salva de palmas!

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